Capítulo 10 – Contas
Graciliano Ramos mostra nesse capítulo
uma melancolia, pois Fabiano não consegue compreender porque sua vida não
prospera. Ele se sente enganado e submisso, de fato ele é enganado pelo seu
patrão. Com o decorrer do capitulo Fabiano deixa claro que mesmo ele sendo um
bruto, a mulher (Sinha Vitória) tem miolo. Dessa forma ele passa uma ideia, que
mesmo sem ele ter a compreensão das contas que são feitas pelo patrão, a sua
mulher consegue compreender que eles estão sendo logrados. Sinha Vitória
entende das contas e mesmo assim o patrão de Fabiano os rouba sempre alegando
tratar-se de juros.
Fabiano sempre sai desapontado
quando pega seu pagamento, sabe que está sendo roubado, mais na frente do
patrão sempre alega que deveria ser um erro da mulher, que talvez ela devesse
ter feito os cálculos errados. Mais quando está na rua pensativo, percebe ser
injusto que o patrão compre seu gado quase que de graça, e sempre alegando ter
juros.
Fabiano se chama de bruto
diversas vezes, se inferiorizando, e ocorre presença da zoomorfização neste
capítulo.
O capítulo tem como um dos principais
focos, contar como era a vida antes da seca, Fabiano se lembra, que quando
morava em outro lugar, ele possuía um porco, e queria vender pedaços desse
porco, só que quando foi à pequena cidade para vender um cobrador queria que
ele mostrasse o recibo, queria cobrar impostos. Fabiano era bruto, sim era
bruto, mais não entendia dessas coisas, acabou retornando para a casa com os
pedaços de porco, tentando compreender o que havia se passado. Como conclusão,
decidiu que criar porcos era muito perigoso.
Fabiano vê que sempre lhe falham com
palavras difíceis e complexas, que para a compreensão de um homem bruto como
ele, são apenas palavras usadas para lhe roubarem, o uso delas não passa de uma
forma para mascarar a “ladroeira”, ele até tentou utilizar algumas dessas
palavras, obvio que fez elas perderem seu propósito e no fim das contas
acabava esquecendo-as.
Com o tempo Fabiano sente um
misto de sentimentos, raiva do soldado amarelo, resignação do branco do patrão,
angustia de ter matado a cachorrinha Baleia e por fim sentia pena de si mesmo.