A
ambiguidade da escravidão
Em Alexandria onde nasceu
Hipátia a primeira e única filosofa, tinha como cenário cultural a disseminação
da escravidão que na época ainda não era uma coisa considerada moderna. Hipátia
pregava em suas aulas a ascensão da mulher no mundo intelectual, embora, não
conste em nenhum de seus estudos algo a respeito da escravidão, mostrando que a
grande filosofa não tinha uma perspectiva de evolução social igualitária em
outras palavras uma pré-disposição abolicionista. Com a suposta evolução da
sociedade em termos sociológicos surgiu em meados do século XVIII o processo de
Mais-valia baseado nas teorias do filosofo Karl Marx que patenteava uma tese
sobre como a indústria (em grande expansão no século XVIII) obteria um maior
lucro através da servidão escrava dos trabalhadores urbanos, com o passar dos
anos parece que a palavra escravidão ganhou seu segundo sentido, tornando-se ambígua,
surgiu assim à escravidão moderna ou adequação da escravidão com a época.
Nasceu assim a escravidão no trabalho, onde os trabalhadores exerciam suas
funções sobe condições sub-humanas eles eram coagidos a trabalhar por mais de
16 horas em um dia sem o mínimo de remuneração. Está claro que vemos situações
semelhantes por todo o mundo como, por exemplo, no Piauí onde peões são
sacrificados a negação de liberdade em prol de trabalhos que podem ser
denominados escravos e com diversos fatores relacionados à ilegalidade das suas
ações, bem como: a baixa ou nula remuneração, as condições sub-humanas e a não
utilização de equipamentos de segurança. No ano de 1888 foi instaurada no
Brasil a Lei Áurea que extinguia a escravidão do país, não obstante o Brasil em
pleno século XXI é conhecido de forma internacional pelo seu trabalho escravo,
o questionamento seria feito a parti do paradoxo que se constroem em torno da
libertação física da escravidão que foi adquirida em 1888 e a psicológica que
ainda existe na cabeça dos brasileiros que se deixam escravizar por um sistema
capitalista, sendo lesados dos seus direitos trabalhistas e muitas vezes
humilhados por patrões que ainda se consideram senhores de escravos. A falta de
qualificação profissional e a necessidade imediata de se entrar no mercado de
trabalho, implicam na má administração da divisão do emprego, ademais, acaba
por gerar a dificuldade em se conseguir uma vaga com condições básicas de trabalho.
Segundo o poeta Frederico Rego Jr, em um de seus poemas ele diz “Escravidão das
correntes partidas/Da alegria adquirida/ Da tristeza proibida”, dando uma
definição metafórica das duas principais características da escravidão urbana,
como: a coação e a negação da liberdade. O trabalho urbano nada mais é que a
evolução de um trabalho escravista que deveria ter sido extinto no ano de 1888.
Será que de fato houve uma evolução, ou apenas criação de palavras ambíguas?
Uma única resposta para compreender a escravidão seria se aprofundar em um
mundo de estudos que abordam a sociedade em seus menores detalhes.