BRASIL NUNCA MAIS
Em 14 de setembro de 1921,
em Forquilha, Brasil, nasceu o Frade Franciscano Paulo Evaristo Arns, autor de
mais de 49 livros, dentre eles “Brasil Nunca Mais”.
O livro Brasil Nunca Mais surgiu
a partir de uma pesquisa do ano de 1979, sob o governo do General João Baptista
Figueiredo, em um seleto grupo de pesquisadores que começaram a elaboração de
um estudo grandioso que é resumido neste livro de forma simples e didática sob
as mãos do D. Paulo Evaristo. Assim, em um período de grande repressão em vias
clandestinas foi constituído a elaboração do livro em questão, que aborda as
minucias da ditadura militar, por muitas pessoas ainda desconhecidos e por
outras pessoas motivos de grande angustias.
O objetivo do livro é
explicitado pelo nome do projeto: “Brasil Nunca Mais”, expressando que não
venha mais ocorrer à violência e injustiça imposta durante o período
compreendido entre 64 á 85, em que as pessoas eram reprimidas e privadas do
direito a voz, a expressão e a liberdade.
O livro reporta trechos de
depoimentos dos torturados, nesses trechos diversos militantes de todas as
idades e condições sociais contam como foram abordados para “depor”, como se
deu o período em que estiveram presas em lugares como o DEOPs (Departamento de
Ordem Politica e Social), fazendas clandestinas destinas a torturas, Sedes do
Exercito, Marinha e Aeronáutica, relatando como ocorreram as torturas e o nível
de crueldade que era exercido sobre os militantes pelos militares, tudo para se
conseguir informações consideradas subversivas e contrarias ao regime, muitas
vezes os depoentes não sabiam as informações pedidas, dessa forma tinham poucas
escolhas, ou mentir para tentar sessar as torturas, delatar companheiros ou ver
seus familiares serem torturados e muitas vezes serem levados a morte na sua
presença. As praticas de tortura não respeitavam regras nem a saúde dos presos,
quem era considerado subversivo tinha sua vida igualada a zero, sendo torturado
de todas as formas possíveis, levando ao esgotamento físico e mental, por horas
ou mesmo dias consecutivos de torturas sem sequer ter direito a comer e sendo
privado do sono, tudo para deixar o depoente mais vulnerável em prol do regime.
Os torturados eram
submetidos a torturas com uso de insetos (como baratas), choques pelo corpo
todo, afogamentos, pau de arará (“barra de ferro que é atravessada entre os
punhos amarrados e a dobra do joelho, sendo o conjunto colocado entre duas
mesas, ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 cm do solo” –
pág. 34 BNM), geladeira, produtos químicos dentre outros.
A tortura não escolhia sexo
nem idade, ninguém considerado subversivo estava livre de serem torturados,
homens, mulheres, idosos e crianças, até gestantes e pessoas com problemas
físicos e mentais eram impostas a torturas, muitas vezes pessoas que não eram
consideradas subversivas foram torturadas para que algum familiar seu, marido,
pai, irmão ou amigo viesse a dar informações do interesse do governo, pessoas
inocentes também foram vitimas de torturas por enganos cometidos pelos
investigadores. O livro expõe que o nível de frieza e maldade era tanto que
mulheres gravidas eram torturadas ao ponto de abortarem, isso quando não
ocorria a morte do bebê ao nascer para fazer pressão psicológica aos pais.
As humilhações eram
gigantescas, no livro constam relatos de maridos que foram obrigados a verem
suas esposas serem abusadas sexualmente para forçar o marido a delatar
companheiros ou falar sobre as articulações do grupo que fazia, por essas e
outras razões até os dias de hoje existem pessoas que não trouxeram sua
história átona, ficando no anonimato por vergonha e medo do que pode acontecer
se expuserem suas histórias ao público.
Consequentemente pode-se concluir que existam diversos casos de torturas
e abuso de poder que estão foram do trabalho Brasil Nunca Mais e fora do
conhecimento geral.
Foi para manter vivo na
memoria dos brasileiros que o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns escreveu um livro
baseado nas lembranças de um perido que não pode ser esquecido, para que os
mesmos erros não sejam cometidos consecutivamente.
Em suma, o livro explica os
modos de torturas ( como os choques), os instrumentos utilizados durante a
tortura, mostra o perfil dos principais atingidos pelo regime ( em geral,
estudantes), explicando como agíamos diferentes
grupos que iam contra o governo, baseando-se em trechos que foram retirados de
muitos inquéritos policiais. De acordo com o autor, o objetivo do livro não é atingir
ninguém ou qualquer instituição e sim denunciar fatos ocorridos durante o período
de ditadura.